segunda-feira, 25 de julho de 2011

Conexão Roberto D'avila Homenageia o Geógrafo Milton Santos

O militante de idéias Geógrafo Milton Santos criticou a globalização, mas acreditava em transformação social.

 

"O sonho obriga o homem a pensar"
Milton Santos
 

Milton Santos (1926-2001) é considerado o maior geógrafo brasileiro pelos colegas de profissão. O
professor  de  voz  calma  e  olhar  tranquilo  sublinhou  o  aspecto  humano  da  geografia  e  criticou  a
globalização  perversa.  Via  na  população  pobre  o  ator  social  capaz  de  promover  uma  outra
globalização, que defendeu em livros e conferências pelo mundo.

Milton introduziu importantes discussões na geografia, como a retomada de autores clássicos, e foi
um dos expoentes do movimento de  renovação crítica da disciplina. Preocupado  com a questão
metodológica,  construiu  conceitos,  aprofundou  o  debate  epistemológico  e  buscou  na
transdisciplinaridade uma visão totalizadora da sociedade.
Esquerdista  convicto,  não  se  filiou  a  partidos:  "não  sou  militante  de  coisa  alguma,  apenas  de
idéias",  diz  em  uma  de  suas  frases mais  divulgadas. O  estilo  independente  revela  a  influência
sartreana  desse  brasileiro  que  se  celebrizou  na  França,  onde  obteve  o  doutorado  e  lecionou
durante a ditadura.
...
Milton foi consultor da Organização das Nações Unidas, da Unesco, da Organização Internacional
do Trabalho e  da Organização dos Estados Americanos. Também  foi  consultor  em  várias  áreas
junto  aos  governos  da  Argélia, Guiné-Bissau  e  Venezuela.  Possuía  13  títulos  de  doutor  honoris
causa,  recebidos  no  Brasil,  França,  Argentina  e  Itália,  entre  outros.  Foi  membro  do  comitê  de
redação de revistas especializadas em geografia no Brasil e exterior. Fez pesquisas e conferências
em mais de 20 países, dentre eles Japão, México, Índia, Tunísia, Benin, Gana, Espanha e Cuba.
Recebeu em 1997 o prêmio Jabuti pelo melhor livro em ciências humanas: A natureza do espaço:
técnica e tempo, razão e emoção. Em 1999 recebeu o Prêmio Chico Mendes por sua resistência.
Foi condecorado Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico em 1995. Hoje, o geógrafo
tantas vezes laureado empresta seu nome ao Prêmio Milton Santos de Saúde e Ambiente, criado
pela Fundação Oswaldo Cruz.
Milton  Santos  nunca  participou  de  movimentos  negros -  acreditava  que  deveriam  conquistar
reconhecimento em atitudes como, por exemplo, ingressar na universidade. "Minha vida de todos
os dias é a de negro", declarou. "Mantenho com a sociedade uma relação de negro. No Brasil, ela
não é das mais confortáveis."



Raquel Aguiar
Ciência Hoje/RJ
dezembro/2001



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