quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Chico Mendes - Cartas da Floresta


Criado na Floresta Amazônica, sem jamais freqüentar uma escola e tendo de trabalhar desde os 9 anos como seringueiro, Francisco Alves Mendes Filho, conhecido como Chico Mendes, foi responsável pela mais eficaz militância ecológica já ocorrida no país, tornando-se símbolo mundial da luta pela preservação da Amazônia. Para evitar a devastação da floresta e conservar o modo de vida dos habitantes locais, quer fossem índios, seringueiros, ribeirinhos ou pescadores, pregava a sua organização, a negociação pacífica com os pecuaristas e a criação das reservas extrativistas: áreas protegidas para usufruto da população que vive da exploração de recursos materiais renováveis e que deve, por lei, combinar preservação ambiental e desenvolvimento econômico e tecnológico. Provocou, no entanto, a ira de fazendeiros da região, sendo assassinado, em 1988, por Darli Alves da Silva e seu filho, Darci Alves Pereira. Sua trajetória política iniciou-se quando participou do II Congresso Nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), defendendo a tese Em Defesa da Floresta. Ao final do Congresso, foi eleito suplente da diretoria nacional do órgão. No final dos anos de 1970, ajudou a fundar os primeiros sindicatos do Acre, com o apoio da Confederação dos Trabalhadores Agrícolas (Contag) e da Igreja Católica. Em 1985, organizou o I Encontro Nacional de Seringueiro, destacando-se como principal liderança da região. Nos anos seguintes, mantendo incansável luta pela preservação da floresta, recebeu o reconhecimento internacional. Foi visitado por membros da Organização das Nações Unidas (ONU) e recebeu o Prêmio Global 500, conferido a pessoas que se destacam na defesa do meio ambiente. Em 1988, meses antes de sua morte, o governo federal, por meio do Ministério da Reforma Agrária, instalou a primeira reserva extrativista na Amazônia, cuja responsabilidade de organização ficou a cargo do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri. Atualmente, existem aproximadamente 21 reservas, ocupando mais de 3 milhões de hectares da floresta. Depois de um século de trabalho semi-escravo devido à exploração da borracha, os seringueiros passaram a ser reconhecidos como uma categoria especial de trabalhadores rurais, que tanto vivem dos produtos da floresta como lutam por sua preservação.

Chico Mendes - Cartas da Floresta from Marcos Abreu on Vimeo.

Paulo Freire


Paulo era filho de Joaquim Temístocles Freire, capitão da Polícia Militar de
Pernambuco e de Edeltrudes Neves Freire: Dona Tudinha. Ela “era essa coisa eufêmica
que se chama prendas domésticas (...). Era uma bordadeira excelente!” (Freire. P. e
Guimarães, S., 1982, p. 17). Conforme depoimento de Maria Adozinda Monteiro Costa,
educadora e prima de Paulo Freire, que conviveu com a família por vários anos, Dona
Tudinha era uma pessoa boníssima, cuja conduta era pautada pela mansidão.
Paulo guardou da infância lembranças fortes que o acompanharam por toda a vida e
que relata em várias de suas obras. “Minha alfabetização”, declarou à Revista Nova
Escola, em dezembro de 1994, “não me foi nada enfadonha, porque partiu de palavras e
frases ligadas à minha experiência, escritas com gravetos no chão de terra do quintal”.
De modo ainda mais incisivo, escreveu em A importância do ato de ler (Freire, P. 1982
p.16): “Fui alfabetizado no chão do quintal de minha casa, à sombra das mangueiras,
com palavras do meu mundo, não do mundo maior dos meus pais. O chão foi o meu
quadro-negro; gravetos, o meu giz.”
Com o golpe de Estado de 1964, Paulo Freire foi preso no dia 16 de junho,
acusado de atividades subversivas. Permaneceu 70 dias detido, parte em Olinda, parte no
Recife, mas em diversas celas. Ou, como declarou a Sérgio Guimarães (1987, 66): “fui
inquilino de duas casas, mas morei em vários apartamentos”

Paulo Freire (trajetória) from padial on Vimeo.



Paulo Freire Contemporâneo - parte 2 from Marcos Abreu on Vimeo.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O Pasquim



O humor irreverente da charge política comenta e ajuda a
compreender os fatos do cotidiano
O humor no Brasil dos anos 70 marcou pela rebeldia bem humorada
ao golpe de 64. Nesse sentido, o aparecimento do gênio de
Henfiil era, na verdade, apenas o começo do fim. O prenúncio de
uma nova era em que a contestação política não teria mais a mesma
importância.
Um fenômeno como O Pasquim não ocorreria com o mesmo
ímpeto num regime de liberdades democráticas, o confronto com a
ditadura era a mola propulsora do deboche e irreverência que o semanário
ipanemense levou a todo o país.
Com a abertura política, os grandes jornais assimilaram os expoentes
da imprensa nanica e isso, indiretamente, esvaziou o humor
crítico da patota. Com Millôr na Veja, Henfil na 1stoÉ, Ziraldo no
Jornal do Brasil (JB), o Jaguar tentou por todos os meios continuar
publicando O Pasquim, contando com novos talentos, eu inclusive.
Colaboraram nessa época com o já nem tanto prestigiado hebdomadário:
Reinaldo, Hubert e Cláudio Paiva (futuros fundadores
do Planeta Diário, da TV Pirata e, mais tarde, integrantes da turma
do Casseta & Planeta) além de Nani (Hernani Diniz Luca, autor
e produtor de textos para programas humorísticos}. Mariano &
Agner. Juntos, eles editam O Pingente cujo titulo, além de ser uma
alusão aos passageiros de última classe da Central do Brasil, era
uma constatação de que, apesar de trabalharem em O Pasquim,
não eram mais parte integrante dele. O Pingente chegou a ser distribuído
e encartado dentro
de O Pasquim, mas,
por conservar ainda as
mesmas características da
nave-mãe, não soube como
se diferenciar e fechou.


Paulo Caruso, Cartunista

O Pasquim on Vimeo.

Fernando Lyra e os bastidores da redemocratização brasileira


Nascido em Caruaru (Pernambuco) em 1938, o advogado Fernando Soares Lyra iniciou sua carreira política em 1967, quando disputou e foi eleito deputado estadual para um mandato até 1971, ano em que fundou o Grupo Autêntico do então Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Esteve na Câmara quase que ininterruptamente entre 1971 e 1999:

Na Câmara dos Deputados ocupou a Primeira Secretaria, a Corregedoria e a Procuradoria Geral. Participou intensamente da abertura política coordenando, no Congresso Nacional, a candidatura de Tancredo Neves à Presidência da República, entre os anos de 1983/84. Foi ministro da Justiça do Governo Sarney por 11 meses (1985/86) e derrubou a censura.

Na Assembléia Constituinte (1987/1988), foi membro da Comissão de Sistematização. Em 1989 foi candidato a Vice-Presidente da República na chapa de Leonel Brizola. Manteve-se na Câmara dos Deputados até 1999.

Em 2003 foi nomeado presidente da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), em Pernambuco.


Reprodução autorizada mediante citação da TV Câmara

Fernando Lyra e os bastidores da redemocratização brasileira from CRISTOVAM BUARQUE on Vimeo.

domingo, 17 de outubro de 2010

Vista a minha Pele


“Vista a Minha Pele” é uma divertida paródia da realidade brasileira. Serve de material básico para discussão sobre racismo e preconceito em sala-de-aula.

Nesta história invertida, os negros são a classe dominante e os brancos foram escravizados. Os países pobres são Alemanha e Inglaterra, enquanto os países ricos são, por exemplo, África do Sul e Moçambique. Maria é uma menina branca, pobre, que estuda num colégio particular graças à bolsa-de-estudo que tem pelo fato de sua mãe ser faxineira nesta escola. A maioria de seus colegas a hostilizam, por sua cor e por sua condição social, com exceção de sua amiga Luana, filha de um diplomata que, por ter morado em países pobres, possui uma visão mais abrangente da realidade.

Maria quer ser “Miss Festa Junina” da escola, mas isso requer um esforço enorme, que vai desde a superação do padrão de beleza imposto pela mídia, onde só o negro é valorizado, à resistência de seus pais, à aversão dos colegas e à dificuldade em vender os bilhetes para seus conhecidos, em sua maioria muito pobres. Maria tem em Luana uma forte aliada e as duas vão se envolver numa série de aventuras para alcançar seus objetivos. O centro da história não é o concurso, mas a disposição de Maria em enfrentar essa situação. Ao final ela descobre que, quanto mais confia em si mesma, mais capacidade terá de convencer outros de sua chance de vencer.